25 novembro 2006

Nataraja – A Dança de Shiva II

A mão esquerda à frente traz a Gajahasta Mudra que descreve, na dança indiana, a tromba do elefante, aquele que remove os obstáculos. A tromba tem a simbologia do discernimento: o elefante sabe exactamente discernir a força que deve usar quando arranca uma árvore ou quando apanha uma palha no chão. No caminho do autoconhecimento é necessário o discernimento para que possamos separar o que é real (absoluto, eterno, verdadeiro) e o que é irreal (relativo, passageiro, mutante). Este gesto apresenta o caminho da salvação apontando para o pé levantado, representando o equilíbrio e o impulso de ascensão, e transmitindo ao homem que ele também deve levantar-se a si mesmo na busca da sua Verdade Interior: "O ser humano deve negar as suas más inclinações, as más paixões, os instintos bestiais, oriundos da sua natureza animal inferior e seguir sua natureza superior e espiritual: Os humanos devem abster-se do ódio, dos vícios, dos excessos e buscar atingir o autocontrole”.

Nataraja pisa com seu pé direito as costas de um anão – um homem com corpo de criança e rosto de adulto – o Apasmara Purusha, simbolizando o ego infantil, a imaturidade emocional, a irresponsabilidade, a natureza inferior e animal do homem, o eu inferior do ego humano. Ele é o demónio da ignorância interior, a ignorância que nos impede de perceber nosso verdadeiro eu, e este gesto simboliza a vitória sobre as forças demoníacas da destruição. O pedestal da estátua é uma flor de lótus, símbolo do mundo manifestado. A mensagem desta imagem é: "Vai além do mundo das aparências, vence a ignorância interior e torna-te Shiva, o meditador, aquele que vê a verdade através do olho que tudo vê (terceiro olho, Ájña Chakra)."

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