A dança como expressão e contacto com o Sagrado esteve presente também entre os primeiros judeus e há alguns relatos bíblicos sobre essa arte esotérica: “Quando Moisés, liderando o povo eleito, sai do Egipto e atravessa o Mar Vermelho, ele e sua irmã Miriam dançam para agradecer ao Senhor Jeová”. Vemos também o rei David cantando e dançando quando a Arca da Aliança chega a Jerusalém. Em obras apócrifas vemos outras expressões da Dança Sagrada Circular, como no Livro Apócrifo de João, muito comum ainda pelos cristãos ortodoxos sírios e iraquianos, onde se lê que Jesus ordenava a seus 12 Apóstolos que se posicionassem em círculo, ao seu redor e de mãos dadas, e depois começassem a dançar e a rodopiar (à moda dos dervixes), enquanto Ele, Jesus, entoava doces cânticos em louvor ao Altíssimo.
Existem muitas outras histórias mitológicas a respeito da dança... Réa salvou seu filho Zeus de ser morto por Cronos – o pai da criança – sapateando para abafar o choro da criança. Na ilha de Creta era possível materializar a Deusa Mãe fazendo-se uma dança circular que levava ao Êxtase. Ainda na Grécia antiga, a viagem de Teseu pelo labirinto do Minotauro era celebrada com uma dança em que os jovens (rapazes e raparigas) ficavam em fila, de mãos dadas, e imitavam os movimentos de Teseu pelo labirinto da mente por meio da meditação.
As touradas e os jogos de bola são formas degeneradas de antigas danças ritualistas: o culto ao Pai-Mãe internos e à criação do Universo.
Todo o benefício de dançar é resumido no calor do corpo e na sublimação da energia sexual. Esta é sublimada não apenas com exercícios respiratórios, mas também com exercícios físicos moderados e o desenvolvimento do sentido estético. Tudo isso existe em muitos tipos de danças que, mesmo afastadas das suas origens primordiais, chegaram aos nossos dias, como é o caso da dança do ventre, flamenga, dança clássica, ballet, e danças regionais, como as escocesas e irlandesas (influenciadas pelos sábios templários fugidos das perseguições católicas).
Esse carácter sexual da dança é óbvio também nos cultos dionisíacos... Usando grinaldas de folhas de rinha e cobertas por peles de bode, as mulheres dançavam freneticamente até chegarem ao Êxtase. Durante o cortejo (isso na sua fase decadente, é óbvio), comiam carne crua e dilaceravam animais vivos para incorporarem a força divina. O clímax era o sacrifício de um bode. Quando esse ritual ainda não estava degenerado, tais animais eram a representação simbólica da eliminação dos nossos defeitos animalescos; comia-se então a carne, ou seja, a consciência era liberada a partir do fogo sexual, e o bode sacrificado era a supressão do desejo animal através da não ejaculação do sémen, método pelo qual o fogo se transforma em luz e o alquimista transforma o "enxofre arsenicado" em fogo puro.
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